O Brasil aparece como o país mais
preocupado com as chamadas “notícias falsas” (fake news) em um estudo global
que analisou a realidade de 37 nações. Dos entrevistados brasileiros, 85%
manifestaram preocupação com a veracidade e a possibilidade de manipulação nas
notícias lidas. A lista é seguida por Portugal (71%), Espanha (69%), Chile
(66%) e Grécia (66%). Na opinião dos autores, a polarização política nesses
países provocada por eleições, referendos e outros grandes processos de disputa
na sociedade podem ter favorecido essa percepção.
Já os menos preocupados com a possibilidade
de uma notícia não ser verdadeira ou contar algum tipo de desinformação são
Holanda (30%), Dinamarca (36%), Suécia (36%), Alemanha (37%) e Áustria (38%).
Os autores destacaram na análise que, diferentemente dos Estados Unidos, a
Alemanha passou recentemente por eleições em que a disseminação de notícias
falsas não apareceu como um problema grave.
Quando tomada a amostra de forma
conjunta, a média geral das pessoas consultadas pelo levantamento preocupadas
com a veracidade das informações lidas na Internet ficou em 54%.
O Relatório sobre Notícias Digitais do
Instituto Reuters, uma das mais importantes pesquisas do mundo sobre o tema,
foi divulgado nesta semana. O levantamento fez entrevistas para identificar
hábitos de consumo da população em relação a veículos de mídia e produtos
jornalísticos.
Percepção
Os autores da pesquisa apontam uma
percepção maior do que a realidade vivida pelas pessoas. Do total dos
entrevistados, 58% disseram estar preocupados com notícias “fabricadas” mas
apenas 26% conseguiram identificar casos concretos. Essa diferenciação,
entretanto, não foi feita por país, não permitindo identificar se essa
disparidade ocorre nas nações onde a preocupação foi maior, como no Brasil.
“Quando olhamos para os resultados do
nosso estudo, descobrimos que quando consumidores falam sobre ´fake news´ eles
estão preocupados também com mau jornalismo, práticas de caça de cliques e
enviesamento”, argumentam os autores da pesquisa.
Providências - Mesmo assim, as pessoas
consultadas colocaram a necessidade de providências sobre o assunto. Na
avaliação dos entrevistados, os principais responsáveis por adotar medidas de
combate às chamadas notícias falsas deveriam ser os veículos tradicionais de
mídia (75%) e as plataformas digitais (71%).
Na compreensão dos autores, essa
percepção estaria relacionada ao fato de muitas reclamações com foco na
veracidade ou manipulação estarem relacionadas a mídias tradicionais, e não a
conteúdos fabricados por sites desconhecidos.
A adoção de alguma regulação pelo Estado
para atacar o problema ganhou aceitação sobretudo entre asiáticos (63%) e
europeus (60%). Na Europa, a regulação do tema tem ganhado espaço. No último
ano, a Alemanha aprovou uma lei que passa a responsabilidade pela fiscalização
de conteúdos falsos e ilegais às plataformas. No Brasil, já há diversos
projetos de lei tramitando no Congresso visando estabelecer regras sobre o
tema.
FONTE Agência Brasil
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